A História da Cigarra e da Formiga
A versão antiga:
A formiga trabalha arduamente, debaixo de um calor arrasador, durante todo o verão, construindo a sua casa e armazenando provisões e mantimentos para aguentar o inverno. A cigarra pensa que a formiga é uma tola e ri, dança e brinca durante o verão. Chega o inverno, e a formiga está confortável e bem alimentada. A cigarra não tem comida nem abrigo e morre.
A versão moderna:
A formiga trabalha arduamente, debaixo de um calor arrasador, durante todo o verão, construindo a sua casa e armazenando provisões e mantimentos para aguentar o inverno. A cigarra pensa que a formiga é uma tola e ri, dança e brinca durante o verão. Chega o inverno, e a enregelada cigarra convoca uma conferência de imprensa para denunciar a situação em que vive, pretendendo saber por que razão é permitido à formiga estar bem aquecida e alimentada enquanto outros sofrem com frio e fome. RTP, SIC e TVI apresentam-se em força para transmitir imagens da pobre cigarra, completamente transfigurada pelo frio e pela fome, ao mesmo tempo que passam outras imagens da formiga na sua casa bem confortável e com a mesa cheia de boa comida. O país está chocado perante este contraste. Como é possível, nos dias que correm, uma pobre cigarra sofrer tanto? Durante dias não se fala de outra coisa. O 1º Ministro, António Guterres, aparece num programa especial da RTP com um ar consternadíssimo, repetindo, vezes sem conta, que fará tudo o que está ao seu alcance para ajudar a pobre cigarra, a qual, como toda a gente deverá entender, está a ser vítima da má política dos anteriores governos do PSD. O Padre Melícias tem-se desenvolvido em esforços para angariar toda a ajuda possível, implementando um peditório, a nível nacional, para que a cigarra possa viver com alguma dignidade. Simultanemante, a CGD abriu uma conta especial, onde qualquer pessoa pode efectuar um depósito, contribuindo, assim, para mais uma ajuda preciosa. O secretário geral do PCP, Carlos Carvalhas, numa entrevista com a Manuela Moura Guedes, comenta que a formiga enriqueceu à custa da cigarra, resultado de uma gestão danosa do Governo Socialista, que sempre prejudicou os mais necessitados, e apela ao 1º Ministro para que seja criado um aumento significativo do IRS, através de um escalão especial, para fazer com que a formiga pague o valor justo em relação àquilo que ganhou. Num movimento sem precedentes, Paulo Portas e o irmão Miguel Portas aparecem juntos, abraçados à cigarra, em todas as feiras e mercados. Finalmente, foi criada uma Secretaria de Estado, dependente do Ministério das Finanças, e desenvolvido um programa chamado "Igualdade Económica e Acções Anti-Formiga", com efeitos ao princípio do Verão, o que obrigava a formiga a pagar os novos impostos com rectroactivos. Como a formiga não estava preparada para pagar, a sua casa foi confiscada pelo Governo. A firma de advogados do Vale e Azevedo, representando a cigarra, apresentou em tribunal um processo contra a formiga, por abuso e fuga aos impostos, tendo a formiga perdido a causa, sem qualquer hipótese de recurso. A formiga desaparece e ninguém mais lhe põe a vista em cima.